O Melhor lugar do mundo
Estava acabando de tomar o meu café, e a primavera estava ali, assentada na janela. Era o meu segundo ou terceiro dia na casa dos meus pais, na Itália, numa vila meio perdida nas montanhas e vales dos Apeninos, denominada de Ponte Parrano.
Meu pai estava inquieto, levantou-se e disse que estava determinado à mostrar os vales por onde ele passou sua infância. Desceu as escadas, dizendo que me esperava. Ouvi ele ligar e esquentar o seu velho e estimado Fiat, de mais ou menos vinte anos de estrada. Tirou o pó do assento e disse: -“Vamos, vou levá-la para um passeio, onde depois da morte de sua mãe, não tive coragem de voltar”. E, como dizer não, para quem estava com tanta determinação.
- Vamos!!! Ele gritou, a manhã está linda para isso.
O que eu sabia desta sua trajetória, que agora ele queria mostrar. Absolutamente nada!. O que sei eu deste silêncio e solidão no topo de uma pedra onde ele permanecia para cuidar das ovelhas. O que eu sabia de suas noites de escutas, olhando o horizonte e vendo as luzes distantes de sua cidade com olhos de criança? Ou da espera angustiante de ver sua mãe subir a colina, levando para ele a sua polenta e um pedaço de pão.
Era o que eu refletia enquanto ele dirigia cautelosamente por aqueles atalhos. Nada sabia... destas subidas e descidas, dos horários dos trens, da ida a escola nos dias de chuva, dos ventos de inverno, dos perfumes dos ciprestes, das giestas e oliveiras ,ou das inúmeras macieiras que ele contava até chegar em casa .
Ele parou o carro, e permaneceu ali à minha frente, delimitando com as mãos o seu espaço, as suas memórias. Gesticulando acenos, onde um dia foi pego por ter roubado ameixas, rindo como criança.
Ele estava ali, com a grandeza de quem agora carrega nos olhos toda uma vida de oitenta anos, com todos os meandros em sua memória, dos vizinhos, das curvas mais adiante, dos amigos, sabendo exatamente onde havia trincheiras de guerra, e os esconderijos feitos pelos contadinos.
E, continuamos a andar, Eu, fui demarcando com a minha máquina fotográfica, os vales daquele mundo que lhe pertencia na alma, quando ele me disse:
-“ Tire esta foto daqui, desta pedra, era daqui que eu olhava a vila e as montanhas. E, juntos subimos sem dizer uma palavra. A foto ficou tremida, eu sei, porque tentei esconder minhas lágrimas enquanto ele apontava a direção do mundo, mas descobri naquele exato momento, qual era o melhor lugar do mundo.
Estava acabando de tomar o meu café, e a primavera estava ali, assentada na janela. Era o meu segundo ou terceiro dia na casa dos meus pais, na Itália, numa vila meio perdida nas montanhas e vales dos Apeninos, denominada de Ponte Parrano.
Meu pai estava inquieto, levantou-se e disse que estava determinado à mostrar os vales por onde ele passou sua infância. Desceu as escadas, dizendo que me esperava. Ouvi ele ligar e esquentar o seu velho e estimado Fiat, de mais ou menos vinte anos de estrada. Tirou o pó do assento e disse: -“Vamos, vou levá-la para um passeio, onde depois da morte de sua mãe, não tive coragem de voltar”. E, como dizer não, para quem estava com tanta determinação.
- Vamos!!! Ele gritou, a manhã está linda para isso.
O que eu sabia desta sua trajetória, que agora ele queria mostrar. Absolutamente nada!. O que sei eu deste silêncio e solidão no topo de uma pedra onde ele permanecia para cuidar das ovelhas. O que eu sabia de suas noites de escutas, olhando o horizonte e vendo as luzes distantes de sua cidade com olhos de criança? Ou da espera angustiante de ver sua mãe subir a colina, levando para ele a sua polenta e um pedaço de pão.
Era o que eu refletia enquanto ele dirigia cautelosamente por aqueles atalhos. Nada sabia... destas subidas e descidas, dos horários dos trens, da ida a escola nos dias de chuva, dos ventos de inverno, dos perfumes dos ciprestes, das giestas e oliveiras ,ou das inúmeras macieiras que ele contava até chegar em casa .
Ele parou o carro, e permaneceu ali à minha frente, delimitando com as mãos o seu espaço, as suas memórias. Gesticulando acenos, onde um dia foi pego por ter roubado ameixas, rindo como criança.
Ele estava ali, com a grandeza de quem agora carrega nos olhos toda uma vida de oitenta anos, com todos os meandros em sua memória, dos vizinhos, das curvas mais adiante, dos amigos, sabendo exatamente onde havia trincheiras de guerra, e os esconderijos feitos pelos contadinos.
E, continuamos a andar, Eu, fui demarcando com a minha máquina fotográfica, os vales daquele mundo que lhe pertencia na alma, quando ele me disse:
-“ Tire esta foto daqui, desta pedra, era daqui que eu olhava a vila e as montanhas. E, juntos subimos sem dizer uma palavra. A foto ficou tremida, eu sei, porque tentei esconder minhas lágrimas enquanto ele apontava a direção do mundo, mas descobri naquele exato momento, qual era o melhor lugar do mundo.
JU gioli
...................
Participam desta Tertúlia de Julho:
~~
.... seja o próximo e divirta-se
16 comentários:
Viva, JU gioli!
Comoveu-me a sua pequena história. Pela simplicidade das coisas belas. Pela serenidade das coisas certas.
Sabe, JU gioli? Vale mesmo a pena metermo-nos nesta aventura das tertúlias. Acabamos sempre por descobrir gente que vale a pena.
Vou linkar.
Um grande abraço
Ruben
Lindo e emocionante texto, Jugioli. Coisa para se ler e guardar, como ficaram guardadas as memórias de seu pai. Maravilhoso, esse seu lugar no mundo!
Bjs e obrigado por tudo. Pela divulgação, e pela postagem com os participantes. Isso é interação!
Bjs e bjs de gratidão!
Lindo e emocionante o seu texto, JU! Imaginei e pude sentir cada instante deste resgate do passado, de seu Pai e também seu. Belos momentos que você nos oferece. Obrigada por partilhar!
Beijos.
PS: Seja bem-vinda à minha casa! Obrigada pela visita!
Muito emocionante, Ju! Diretamente do cora�o de teu pai para o seu. Obrigada por compartilhar conosco esse momento de amor e cumplicidade, um verdadeiro "melhor lugar no mundo".
Grande beijo.
Que beleza de texto, Ju! Tocante.
Já está quase tudo dito. Adorei o texto. É um reviver, vivendo. Um regresso às origens que, não sendo nossas, tb. nos pertencem. Obrigado pela participação.
Bjs.
Adorei o texto. Fiquei emocionada.
Bjos
JU, fiquei encantado com a diversidade de formas com que cada um encontra o seu melhor lugar. Esta "Tertúlia de Julho" abriu um novo colorido na blogosfera. Tomara continuemos. Beijão.
Ery Roberto
www.infinitopositivo.blogger.com.br
Emocionante.
Quando crescer quero escrever assim.
Um abraço.
É quase um sonho viajar nesses mundos... Parabéns pela originalidade... Adorei seu blog!
Lindo o seu melhor lugar!!!
Um grande abraço e boa semana!
Ps: Que honra ter meu nome postado aqui na sua casa!!!
Não comento.
Já me perdi por ai abaixo, volto ;-)
Ju,
Cheguei tarde mas participei também, deu tempo. Lindo texto, viu?
Beijo
Lindo texto e lindas as fotos do blog.
A Teca, minha gatinha exibicionista, agradece o seu elogio.
Bj.
Gostaria de comentar minhas conclusões sobre a participação no Tertúlia, que como diálogo e intercâmbio, possibilitou conhecer outros blogs, outros melhores lugares do mundo.
Agradeço à todos terem aqui vindo e comentado.
Obrigado.
JU gioli
Ju, lindo texto, gostei muito!
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