Só Poesias e outros itens....
- Anexando Territórios e possibilidades expressivas
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Do Desenho
“Ingres fica seduzido pela beleza de uma linha, pressente o partido que vai poder tirar dela, cultiva-a, tece-a, como o violinista modula um som numa corda, e sabemos desse talento em manejar o arco.
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Do Desenho
Jean-Auguste Dominique Ingres
O desenho é a probidade da arte.
Desenhar não quer dizer simplesmente reproduzir contornos; o desenho não consiste meramente no traço: é também a expressão, a forma interior, o plano, o modelado! Vejam o que resta depois disso! O desenho compreende os três quartos e meio daquilo que constitui a pintura. Se eu fosse pôr uma tabuleta em cima da minha porta, escreveria: “Escola de desenho”, e estou certo de que formaria pintores.
O desenho compreende tudo, com exceção do matiz.
É preciso desenhar sempre, desenhar com os olhos quando não se pode desenhar com o lápis. Enquanto vocês não fizerem a inspeção de caminhar a par com a prática, não farão nada de realmente bom.
O pintor que se fia em seu compasso apóia-se num fantasma.
Que não se passe um único dia sem traçar uma linha, dizia Apeles. Ele queria dizer com isso, e eu mesmo lhes repito: a linha é o desenho, a linha é tudo.
Se eu pudesse torná-los todos músicos, vocês ai ganhariam como pintores. Tudo é harmonia na natureza : um pouco a mais, um pouco a menos altera a gama e provoca uma nota falsa. É preciso conseguir ter afinação com o lápis ou o pincel tanto quanto com a voz; a exatidão das formas é como a afinação dos sons.
Ao estudar a natureza, só tenham olhos inicialmente para o conjunto. Interroguem-no e apenas a ele. Os detalhes são minúcias pouco importantes que é preciso reduzir pela força. A forma ampla e tão ampla! A forma é o fundamento e a condição de tudo: até a fumaça deve ser expressa pelo traço .
Vejam no modelo as relações de grandezas; é ai que está todo o caráter. Sejam vivamente tocados por elas, e, também vivamente, tornem essas grandezas relativas. Se, em vez de seguir este método, vocês tatearem, se buscarem na teoria, não farão nada que valha. Tenham inteira nos olhos, no espírito, a figura que querem representar, e que a execução seja apenas a realização dessa imagem já possuída e preconcebida.
Ao traçar uma figura, procurem antes de tudo determinar, e bem caracterizar, seu movimento. Eu não saberia muito bem lhes repetir, o movimento é a vida.
Não economizem tem nem esforços para chegar à pureza da expressão, à perfeição do estilo. Sirvamo-nos, para nos corrigir sem cessar, até mesmo da facilidade que podemos ter. Malberbe, dizem, trabalhava com uma lentidão prodigiosa: sim, porque ele trabalhava para a imortalidade.
É preciso fazer desaparecer os rastros da facilidade; são os resultados e não os meios empregados que devem aparecer. É preciso fazer uso da facilidade desprezando-a; porém, apesar disto, quando se gasta cem mil francos, é preciso ainda se divertir por dois vinténs.
Quanto mais simples são as linhas e as formas, tanto mais beleza e força há. Todas as vezes que vocês dividem as formas, enfraquecem-nas. Isto se dá como com o fracionamento em todas as coisas.
Por que não se faz caráter grande? Porque em vez de uma forma grande, fazem-se três pequenas.
Quando as linhas principais não estão antes de tudo no caráter, só conseguimos produzir semelhanças duvidosa.
Na construção de uma figura, não procedam por pedaços. Conduzam tudo ao mesmo tempo, e, como se diz muito bem, desenhem “ o conjunto”.
Não se deve tentar aprender a fazer um belo caráter: é preciso encontrá-lo em seu modelo.
As formas belas são planos retos com redondezas. As formas belas são aquelas que têm firmeza e plenitude, em que os detalhes não comprometem o aspecto das grandes massas.
É preciso dar saúde à forma.
O completo da forma está no acabamento. Há pessoas que se contentam, no desenho, com o sentimento, este, uma vez expresso, lhes basta. Rafael e Leonardo da Vinci estão aí para provar que sentimento e precisão podem se aliar. Os grandes pintores, como Rafael e Michelangelo, insistiram no traço para o acabamento. Repetiram-no com um pincel fino, reanimando assim o contorno; imprimiram em seu desenho o nervo e a fúria.
Nós não procedemos materialmente como os escultores, mas devemos fazer pintura escultórica.
Um pintor tem bastante razão em se preocupar com a delicadeza, mas deve aí acrescentar a força, que não a exclui, longe disto. Toda a pintura está no desenho ao mesmo tempo forte e delicado. Ela está apenas aí, por mais que se diga o contrário; num desenho firme, soberbo, caracterizado, mesmo se tratando de um quadro que deva impressionar pela graça. Só a graça não basta, o desenho polido tampouco. É preciso ainda mais: é preciso que o desenho amplifique, que envolva.
Há sempre benefício, quaisquer que possam ser aliás os defeitos, numa obra em que a cabeça comandou a mão. É preciso que isto fique perceptível, mesmo nas tentativas de um iniciante. A habilidade da mão se adquire por meio da experiência; mas a retidão do sentimento, da inteligência, eis o que pode se mostrar de saída, e eis também, numa certa medida, o que faz as vezes do resto.
Desenhem puramente, mas com amplidão. Puro e amplo; eis aí o desenho, eis aí a arte. Desenhem muito antes de pensar em pintar. Quando se constrói sobre um sólido fundamento, dorme-se tranqüilo.
A expressão na pintura exige uma ciência do desenho bastante grande; pois a expressão não pode ser boa se não foi formulada com justeza absoluta. Apreende-la apenas pela metade, é perdê-la, é representar somente pessoas falsas que se esforçariam por imitar sentimentos que não sentem. Só se pode chegar a essa extrema precisão pelo mais seguro talento no desenho. Do mesmo modo, os pintores de expressão, entre os modernos, foram os maiores desenhistas. Vejam Rafael!
A expressão, parte essencial da arte, está portanto intimamente ligada à forma. A perfeição do colorido é aí tão pouco requerida que os excelentes pintores de expressão não tiveram, como coloristas, a mesma superioridade. Acusa-los disto é não conhecer suficientemente as artes. Não se pode pedir ao mesmo homem qualidades contraditórias. Aliás, a presteza de execução de que a cor necessita para conservar todo seu prestígio não combina com o estudo que a grande pureza das formas exige.
.... Num quadro, é preciso que a luz caia em algum lugar com força e que a atenção do espectador seja atraída para esse ponto. O mesmo ocorre numa figura em que o efeito deve irradiar de um ponto central; é isto que causa as gradações. Para a forma, é preciso também que um grande trecho dominando todo o resto se aposse primeiramente do olhar; este é um dos elementos principais do caráter no desenho.
Para chegar à bela forma, não se deve proceder por um modelado quadrado ou anguloso; é preciso modelar redondo, e sem detalhes internos aparentes.
Quando se tem uma única figura no quadro, é preciso modelá-la em rondebosse ( em pleno relevo) e buscar assim seu efeito pictórico.
Tenham sempre uma caderneta no bolso e anotem em poucas linha rápidas a lápis, os objetos que lhes chamam a atenção, se não tiverem tempo de indicá-los por inteiro. Mas se têm tempo de fazer um croqui mais preciso, apropriem-se do modelo com amor, considerem-no e o reproduzam sob todas as formas, de maneira a alojá-lo em suas cabeças, a que se incrustem nelas como propriedades de vocês.
Faço questão que se conheça bem o esqueleto, porque os ossos formam a estrutura do corpo, cujas extensões determinam, e eles são para o desenho pontos contínuos de referência. Importo-me menos com o conhecimento anatômico dos músculos. Ciência em demasia nesses casos prejudica a sinceridade do desenho e pode desviar da expressão característica para conduzir a uma imagem banal da forma. É preciso entretanto observar a ordem e a disposição relativa dos músculos, a fim de evitar, também desse lado, os erros de construção. Esses músculos são todos meus amigos: mas não conheço nenhum deles por seu nome. Os contornos externos nunca se curvam para dentro. Ao contrário, eles abaúlam, como uma cesta de vime. ...A cabeça e o pescoço nunca se alinham: formam sempre duas linhas descontínuas. Numa cabeça, a primeira coisa para o artista é fazer os olhos falarem, a não ser que se indique apenas sua massa.... É preciso seguir esse exemplo ao pé da letra e banir os manequins, exceto para os retratos, e também somente para esses enfeites de mulher que requerem um acabamento detalhado. Portanto, nada de manequim. Uma vez encontrado um belo motivo de planejamento, é preciso adaptá-lo à natureza....
Postado por Só- Poesias e outros itens 6 comentários
27 de set. de 2008
Para recordar...
The hollies
Long cool woman...
He´s my brother...
Carrie Anne...
Don´t let me dow...
entre outras.... escolha a sua
* deslique o som no side bar e curta
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26 de set. de 2008
Collage
Postado por Só- Poesias e outros itens 9 comentários
25 de set. de 2008
Nas sombras de Goya
Nas sombras de Goya
Espanha do século XVIII, em meio ao radicalismo religioso e à iminente invasão das tropas napoleônicas, onde Francisco Goya trafega com o seu talento. Inicialmente, criando retratos da família real do Rei Carlos IV, com a comovente história de Inês Bilbatua, musa do pintor e retratada por ele em palácios e igrejas, onde neste período é cruelmente presa e torturada, sob a falsa acusação de heresia.
Goya recorre ao influente Frei Lorenzo, pretensamente seu amigo, sem saber que estava lidando com um dos próprios líderes da inquisição.
Filme baseado em fatos reais, uma superprodução dirigido por Milos Forman ( o mesmo de Amadeus), com uma fotografia deslumbrante e com o primor das gravuras de Goya como planos nas cenas. Filme de personagens intensos, vivendo os horrores de uma guerra que estão vivamente representados nos quadros de Goya, como testemunha de sua época.
Não é propriamente um filme autobiográfico, mas de intensos momentos vividos pelo grande pintor.
Postado por Só- Poesias e outros itens 5 comentários
24 de set. de 2008
23 de set. de 2008
22 de set. de 2008
19 de set. de 2008
Amor e Arte.
Postado por Só- Poesias e outros itens 11 comentários
17 de set. de 2008
16 de set. de 2008
15 de set. de 2008
Solidariedade
Mas o que é solidariedade?
O que é ser solidário.
Solidário, é sentir a necessidade de partilhar?
Sentir que o outro é diferente de você,
que a alegria de dar é superior à de receber?
É estender o braço a perna, dar as mãos, sem olhar o sexo,
a condição social, religiosa, ou política?
Dizer não ao egoísmo, a acomodação, à solidão?
Solidariedade é doação?
O que é solidariedade?
Palavra gasta, sem uso, morta...
que virou mais uma palavra
vazia.
foto: Artur Franco
Postado por Só- Poesias e outros itens 26 comentários
14 de set. de 2008
Diálogos
Com a Arte Moderna
(1890-1977) Pintor e escultor Russo. Considerado um dos grandes construtivistas cinético.
“... A arte tem uma função importante a desempenhar diante do presente estado caótico da sociedade.
A arte não é apenas prazer; é uma atividade criadora da consciência humana da qual deriva toda uma criação espiritual. A arte é tudo. Tudo o que fazemos ou mesmo imaginamos é Arte.
Uma pintura ou uma escultura deve criar uma imagem duma experiência. Se um artista não teve experiência antes de pintar um quadro ou fazer uma escultura, ele não é um artista. Se não houve experiência, seu trabalho se torna pouco mais do que um exercício. Por exemplo, se se vê uma paisagem ou um acontecimento ou mesmo um objeto, têm-se uma experiência visual e deve-se criar uma imagem desta experiência. De outro modo ela é apenas guardada sem o desejo de transmiti-la a outro.
Mas ao transmitir aquela imagem, o artista tem a liberdade de dizer o que sente a respeito da forma que achar adequada. O que o artista faz é transmitir uma imagem de uma experiência, não uma imagem do próprio objeto ou fato. São as suas associações pessoais acumuladas durante toda uma vida que formam esta experiência.”
~~~~~
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13 de set. de 2008
12 de set. de 2008
Os espelhos
O que é um espelho? Não existe a palavra espelho – só espelhos, pois um único é uma infinidade de espelhos. Em algum lugar do mundo deve haver uma mina de espelhos?
Não são preciso muitos para se ter a mina faiscante e sonambúlica: bastam dois, e um reflete o reflexo do eu o outro refletiu, num tremor que se transmite em mensagem intensa e insistente ad infinitum, liquidez em que se pode mergulhar a mão fascinada e retira-la escorrendo de reflexos, os reflexos dessa dura água.
O espelho é o espaço mais fundo que existe – É coisa mágica: quem tem um pedaço quebrado já poderia ir com ele meditar no deserto. De onde também voltará no vazio, iluminado e translúcido – e com o mesmo silêncio vibrante de um espelho.
Quem olha um espelho conseguindo ao mesmo tempo isenção de si mesmo, quem consegue vê-lo sem se ver, quem entende que a sua profundidade é ele ser vazio, quem caminha para dentro de seu espaço transparente sem deixar nele o vestígio da própria imagem – então percebeu o seu mistério.”
Clarice Lispector < “Para não esquecer” (Rio de Janeiro, 1999, p-12-13) Texto modificado e resumido.
Postado por Só- Poesias e outros itens 10 comentários
11 de set. de 2008
Aquarelas
.
Músicas em Setembro
Postado por Só- Poesias e outros itens 13 comentários
9 de set. de 2008
Amor e arte
Sonia & Robert Delaunay
Postado por Só- Poesias e outros itens 8 comentários
8 de set. de 2008
6 de set. de 2008
4 de set. de 2008
3 de set. de 2008
2 de set. de 2008
Oikos
Postado por Só- Poesias e outros itens 10 comentários
1 de set. de 2008
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